quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Vergonha descascada.






Saber de mim é devaneio,
Delírios de meio-dia.
Quem serei, talvez o tempo dirá.

Sussurrando… .

Pelo vento transformo minha alma.
Pela chuva no rosto transformo minha vida.
Pelo sol fresquinho da manhã, caminho sozinho pro meu fim florido.

Livre pelos erros estampados.
Feliz por não ser perfeito.



Aos que me apedrejam, saibam lá que ainda vivo.
Saiba lá que ainda danço e canto a melodia da vida.
Perdoo-me pelo erro acertado de Liberdade.

Caiu o pano.
Derreteu a máscara.
Restou aquilo que deixaram: Eu.

Eu sozinho.
Eu nu de alma.
Eu cru de Ego.

Apenas eu.
Renascente das turbulências do passado esquecido.

Quero o perdão dos que magoei e quero o esquecimento dos que me tomam como exemplo.
Nada mais importa senão minha real paz de espírito.
Finalmente ser o que um dia se esqueceu.



Aos que me apedrejam, saibam lá que ainda vivo.
Resgatando todo pedaço de caráter que me restou deste vendaval das revelações.
E prometo-lhe ser ainda o tal modelo,
Não para deleita-lo,
Oh, coitado sem nada ser!


Apenas para ainda mais entender quem sou.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O fantástico mundo de Bob






Acordei num tempo estranho,
Admito.
Não sei mais quem sou.
Perdi as horas, os anos.
O sono.

Ninguém para me sacudir.
Dizer as horas… .

Pois sim!

Acordei e vejo a bagunça de meus aposentos.
Revirados, baratas, doses derrubadas no carpete barato.
Maus cheiros…
Maus cheiros de uma existência desperdiçada.




Que horas são?
Que tempo está lá fora?
Chove? Tomara!

Mas não!
Achas?

Brilha Sol de meio-dia.

Todos já foram para seus futuros e tu
Oras! Ainda de pijamas.
Roupas velhas.
Performáticas idéias clichês!
Esperando o amor ainda feinho.





Acordei num tempo estranho.
Admito.
Não sei qual esquina virar.
Perdi o rumo, o prumo.

(Porém sobram estilos não aplicáveis
De uma mente inativa.).

Cansa-me sempre,
Isso de a todo tempo
Sempre uma nova revisão de meus erros.
De erros pregressos.
Não lembraveis,
Inventados em prol da crucificação particular
E então imperiosa,
Por não se comparar a nada.
Por apenas no meu mundo existir.

E existir apenas para punir-me.
Sangrar-me.

Mundo outrora este, excluível.
Sobrável.
Tão imutável quanto desnecessário.
Um quadro brega na parede de minha sala.




A quem devo pedir minha liberdade de mim mesmo?

A quem devo pedir minha paz?

A mim mesmo?
Ao grande algoz?
Aquele que se mostra sem meu aval.
Sem meu apreço.
Sem meu pagamento?

Divido-me a todo momento.
Racho-me por qualquer situação.

Ponho-me num espelho etério que apenas reflete meu pensar.

Um delírio de realidade aumentada.
Sou este.
Sou aquele.
Sou até você.

Sou o quem não sabe que é.

Sou apenas o quem sabe o que sente.







segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Alfredo - O mentiroso.







Tanto medo tenho de mim.
Tanto medo tenho de tudo.
Um misto de passado inútil.
Sem laços.
Sem segredos divididos.
Sem amores.
Sem festas de aniversário.


Penso ainda no melhor amigo que não tive.
Aquele que me abraçaria quando criança.
Brincaríamos juntos.
Brigaríamos juntos.
Teríamos um código
Até!

Amaríamos sem pecado
Pelo perdão da infância.


Mas nunca encontrei você.


Ou melhor
Encontrei - lhe várias vezes.

Em vários perfumes, músicas, belezas e loucuras.

Mas nunca tive ainda coragem suficiente de perder o poder de escolha.
Loucamente ela  dá-me o poder da eternidade.


Congelar o presente.
O controle eterno do futuro:
Ele não vir.


Tanto medo tenho de mim.
Tanto medo tenho de tudo.
Tanto medo tenho de você.




Alfredo - O apaixonado.









A beleza de seu rosto
Distancia-me de sua alma.
Queria mesmo era o abraço.
Apertado.
Sentir ali, pertinho, o calor do seu coração.


Isso sempre foi pedir demais.

Sempre longe,
Lá longe…
Tento em alguma desesperada fuga de mim,
Pegar em seu braço e partir.

Assim mesmo, sem notas de adeus.
Ou explicações tão inventadas como até do nosso aí
Amor.


Amor que apenas a mim sufoca.
Amor que morre e renasce a cada olhar profundo.
A cada riso compartilhado.
A cada segredo inventado.
A cada sorriso negado.

Amor de paranoia.
Amor de ilusão.

Somente a mim, como cruz,
Resta sentir o quentume de meu coração
Exagerado.
Bate tanto, pena,  que as vezes teimo que explodirá.

Antes sangue,
Jorrará pus de paixões mal curtidas,
Mal matadas.
Mal vividas.



E que não, perdi-me no alento de meu sofrimento.
Sozinho mais uma vez fiquei em meu castelo.



Fugiste!
Covarde!
Não queres pra ti a lama de ternura ou nem ainda
O tal pus da paixão.
Quem nem fedes…


Tens medo de morrer de amores loucos.
Perder-se nos mistérios etéreos por traz de mim.


E eu quem nem sou tão complexo assim.
Apenas li alguns livros russos grossos e bebi cervejas demais
Sozinho.




Perdoo-te.
Devo confessar-lhe que minha necessidade dura menos que meu desejo.




quinta-feira, 23 de junho de 2016

A Teoria da Relatividade - revisited





Saio lá fora e a Lua à pino.
Invejando seu amado.
Só que mais fresca, luz fria.
Penumbra e pensamentos.

Apenas para agradar.

Ergo a cabeça e vislubro mais uma vez
A beleza e a distancia que nos separa.
Já és tão longe, companheira.
E ainda têm mais.
Muito mais.

Tem planetas escondidos em galáxias imensuráveis.
Meteoros .
Estrelas.
 Cadentes estrelas.


Estrelas tão quentes
Quais maculam seu irmão incestuoso.
Oh! Pobre diva Lua!

Buracos que se dizem tão negros.
Que até essa tristeza tragariam.
Tragariam também você para bem longe.
Mesmo que mal fizesse.

E eu aqui.
Querendo ser normal em toda essa infinitude.
Seria possível?
(Vejo vento.
Vejo a nuvem em forma de nave.)
Se estamos a deriva em um minusculo ponto do Universo.
Um grão de poeira.
Uma formiga cósmica.

Rodando
Rodando.
A espera do choque que nos dizime?
Ou da chegada de nossos irmãos de Vida?

Seria?

Seria!
Diz meu coração conectado com Algo ainda mais além.
Uma outra dimensão fora dessa, tão já gigantesca.
Ainda mais inacreditável.
Tanto no medo.
Quanto na paz que lá traz.

Elouqueço.
Quero correr, fugir.
As vezes até morrer.
De morte qualquer e sem dor.

Nem termino e já paro.
Não há fuga.
Saio daqui e entro ali.
E tudo começa novamente.

Se morro antes, não fiz o que deveria.
Se vivo além, vejo o que não precisaria.

sábado, 11 de junho de 2016

A ação de despejo





Vejo a mim no espelho.

Rugas que não existiam da última vez… .
Manchas estranhas.
Sorriso fechado, com vergonhas… .

Apenas meus olhos salvam-me.
Grandes, protuberantes e verdes,
Fazem me o favor de tudo perceber
E demonstrar.

Meu farol.
Meu exemplo de sinceridade.
De suposta austeridade.

Nem penso e já está ele lá, aqui,
Procurando, sabendo, observando.
Confabulando, deduzindo, conjecturando.
Ora sinistro como de um vilão.
Ora cinza como de um apaixonado.

Porteiras de minh’ alma.


Vejo a mim no espelho.

Espelho da Vida.
Rio de cachoeira.
Parado, pronto para tomar seu lugar,
Depois de anos, estai-me defronte.

Sinto que só o esperava.
Vivi apenas para trazer essa carcaça que
por mais apenas um pouco habitarei.
Lhe pertece, sei.


Somos idênticos.
Mesma face grave e mutável.
Mesma voz de timbres variáveis.
Mesma saudade do que não conhecemos.

Os mesmos olhos.


Mas devo ser justo.
Tens mais coragem.
Tens mais brio.
Até amigos consideras de verdade.

Talvez consigas o que nunca consegui.
Talvez consigas o Amor que sempre perdi.


Se cabes um pedido,
Como a todos os finados:
Apenas espere arrumar minhas tralhas.
Guardar meus rancores.
Lavar meus amores sujos
E já vou saindo.


Já podes ocupar seu lugar.


terça-feira, 26 de abril de 2016

O pajem





O pajem


Acabrunhado.
Encaracolado em obrigaçoes e tabus imaginários.
Olhar perdido, abandonado.
Simulacros de felicidade.
Talhado em servilismo pela aceitação.

Pobre serviçal.
Sempre atrás de alguém.

Talvez até lhe tenham apreço.
Uma especie de valor velado, secreto.
Vergonhoso de se mostrar.
E o pobre fareja sua carniça.
Sente um misto de ódio e pressa.

Vai cão de rua!

Lá já vão se afastando, é preciso alcança-los.
Ou ei de perder a próxima solicitação.
A próxima obrigação.

Cansado, não alcança seu amo.
Sente o vazio da falta de humilhação por alguns instantes.
E da falta surge o espectro:
De fora do meio que sempre quis pertencer,
Quem seria?

Anos arrastando uma paixao mórbida pelo que não foi.
Pelo que não conseguiu fazer..
Submisso a um fantasma opressor de si mesmo.
Que faria ele se agora mesmo.
Num lance louco de um manhã fresca de outono.
Jogasse bandeja e o linguajar pseudoculto
No rio abaixo… .
Na saudade de um passado morto… .

E simplesmente partisse… .
Coração de guia… .
Cabeça de antena… .

Não que seja tudo essa tal liberdade,
Mas importante antes seria a disciplina,
O motivo e a direção.

                                            
                                                        Fabricio Januário 

 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A Rainha Louca Voadora





Todo inicio é sempre o mesmo ritual.
Alivio, Ansiedade, Medo.
Sonhos de hoje.
Sonhos de amanhã.
Para de uma semana próxima.

“Há sonhos para uma vida inteira.”

Mas…
O que fazer para não acordar?
O que fazer para não falhar.

Não consigo mais recomeçar… .

Devo acreditar que sou forte.
Ou esquecer de vez.

Pular do muro.

Ter uma nova aspiração.
Ou uma velha sensação.
Um novo dia.
Meu caminho encontrou a rota reta.
Direta,
cheia de pedra.

Vai cansar, mas
Da pra ir.

Só preciso buscar minha cabeça

Aquela lá…,
Vive voando.
Orbitando ao redor de qualquer poste de luz.
Pôr ela sobre meu pescoço
E que ela entenda que aqui é seu lugar.
Basta de outro corpo.
Basta de outro alguém.

Somos apenas eu,
Você e a chuva, talvez,
Novamente,

O Rei Ruivo Deportado.





Olhando daqui.
Sem lhe ver, à espreita.
Acredito que tenho chance.
Acredito que pode acontercer.

Menos que isso basta para por meu coração em descompasso.
Corre à frente de tudo, desesperado,
Criança perdida.
Quer diversão. Depois amor.
No afã de ter, peca por não fazer.

Perde-se em afetações.
Enche-se de trejeitos e olhares.
Confunde-se com o simples
E perde novamente
Aquilo que nunca teve.

Digo calma!
Segure a corda que lhe joga a razão.
Salve-se.
Não seja teimoso,
Pare de reclamar e responda:
“Sabes o que está fazendo”

Não!

Não sabe.

Nada diferes da solidão que captas.
E irradias.

E da parte que invento.
Seria tu o meu intento.
Quem sabe desta vez.
Em conjunto.
Cada dia, devagar.
Encontro alguém para me acompanhar.



Criança Vegana

          … deu 4 e 70 senhora… obrigado… . …sua sacola rasgou pode deixar que eu vou  ajudar… . …muito obrigado moço… …senhor… . … e como v...