Andarilho
Não quero morrer.
Eu quero viver.
Mas a Morte,
Insistente impaciente,
Bailando sempre ali,
Ou aqui perto,
Não desiste.
Que sempre de cinza me rodeia
Na esquina da roseira vermelha
Na passarela escura que me excita
Perto bar da esquina que me amedronta.
Nas suas mãos sujas.
Nas minhas mãos sujas.
Amo de mentira
Sofrendo de verdade.
Nem tu e ninguém estás aqui
Agora
Sozinho comigo.
Sol bate amarelo
E cadê?
Cadê?
Não tenho mais nada além de coração.
Amo perdido, pobre assim.
E que tenhas dó de mim,
Oras!
Perco-me num mundo quem nem conheces.
Pena.
Eras parte de ti.
Parte que um quanto lhe dei
Sem nem sonhar.
Quero viver.
Não apenas morrer.
Mas a Vida sobra nas cores
Das Suas flores.
Tem o verde-pagão dos seus olhos.
Tem o amarelo-canalha da nota de vinte.
Tem o azul-calcinha da tia da minha vizinha.
Azul-calmo das cores que flores
Que, veja,
Qual surpresa?
Tu não tens.
Nuvem outro dia voando, disse
Pra mim,
Constrangida, quase morta:
Não.
Não quero morrer.
Quero apenas viver.
Dançar sorrindo contigo e nunca arrepender-me.
Beijar seu cheiro e não ser nada.
Quero apenas viver.
Chorei hoje a falta sua que inventei.
Aqui estou e tu não existe, ainda.
Pego minha vergonha e de coração quebrado,
Saio.
Sonhar resta-me.
Seu corpo que com tanta magia lembro,
Salva-me de uma paixão sem fim.
Diga-me que nunca,
Nunca me ama.
Diga-me que nunca,
Nunca me ama.
Aposto na mentira.
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