Quântico
Não tenho tempo.
Queria mudar o mundo.
Queria almoçar com minha família:
Não tenho tempo.
Queria arrumar minha casa.
Queria arrumar minha vida:
Não tenho tempo.
Queria salvar-te de mim.
Queria salvar-me de ti:
Não tenho tempo.
Meus alarmes se ajustam à minha ansiedade.
Quero tudo.
Quero qualquer coisa.
Mas pronto.
Cozido já.
Não tenho tempo.
Não tenho tempo para perder tempo.
Tenho que economizar tempo para ter tempo
Pra perder.
Tempo para observar o tempo passar.
Tempo apenas para cantar.
Cantar o hino do meu país.
País dos idiotas perfumados.
Recatados.
Amantes de filosofia por exclusão.
Filosofia da maioria.
Filosofia da afetação.
Filosofia da falsa Alquimia.
Não tenho tempo.
Abraçar-te-ia.
Sacrificar-me-ia.
Tudo isso por ti.
Tudo isso por ti.
Não tenho tempo.
Queria, perdido, amar-me.
Queria, sofrido, perdoar-me.
Não tenho tempo.
Cada segundo clama uma ação.
Imperiosa.
Definitiva.
Conclusiva.
Caridosa.
Ou qualquer coisa assim:
Sem o meu amigo egoísmo.
Não tenho tempo.
Quero amar.
Quero amar sem me apaixonar.
Quero amar sem sofrer.
Quero amar quentinho,
Assado, quase morno.
Não tenho tempo.
O espelho sim, clama.
No canto do quarto preto.
No canto do quarto preto.
Coisa mágica que reflete o tempo.
Ali fico, estou.
No labirinto de quem sou para meus próprios olhos coloridos.
Quem sou estampado, preso e vivo.
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