#Relink2
...Por que você o trouxe até nós?
Ele procura alguém.
Quanto tempo tem de vida?
Acho que uma três horas, ou mais...
Basta! Não podemos! Um estrangeiro!
Entre nós...
Ele procura alguém.
Permeava
numa sobrevida. Via minha infância. Vivia como se estivesse la. Era real. Não
havia noção de tempo. Estava correndo com minhas botas vermelhas no campo ao
encontro de minha avó, hoje já falecida que esperava – nos em casa.
Ao
abrir a porta, ouço uma voz conhecida me chamar: era meus amigos e eu já estava
em quase quinze anos adiante, com meus primeiros amigos de balada. Sentia tudo,
ouvia tudo e já sabia exatamente o que aconteceria, mas não tinha como mudar.
Era estranho. Bebíamos e fumávamos nossos primeiros cigarros. Sentados em uma
praça, contava – mos em
dez. Reconheci de imediato a praça de minha cidade natal.
Conversávamos exaltados pela bebida e pela tontura que os cigarros produziam.
Vi um garoto vir correndo em nossa direção, pegar em meu braço e com uma força
desconhecida naquele corpo levantar - me do banco e sair arrastando – me pelo
chão. Sentia um frio insuportável. Mas
olhei em volta e todos que estavam na praça que nem sequer me viam, estavam sem
agasalhos, mas o contato do meu corpo com o chão transmitia um frio
congelante. Ele me leva adiante sem dizer palavra. Vira a esquina e tem uma
escadaria, como as da periferia de Grande São Paulo. Continuo sendo arrastado
acima e não sinto dor. Deve ser pelo frio penso. Mas pela minha maior surpresa,
que vejo no final da escada senão uma imensidão da neve...
Explica
– se assim o porquê do frio intenso, mas e a ilusão, o que era?
...
Você esta morrendo..., alguém sussurra ao meu ouvido
Por
um milésimo de segundo toda minha vida pregressa passa por meus olhos e sei que
desta vez estou meu presente real. Tento falar e não consigo. Já sinto – me
carregar por dois braços, arrastado, apenas por meus joelhos. Uma dor pelo meu
corpo e uma sensação de que vou escapar deste corpo a qualquer momento. É a
morte me chamando.
Realmente.
Tem razão. Estou morrendo, mas como, não me lembro. Apenas estava em combate,
entrei na floresta seguindo ordens e..., Meu Deus, agora me lembro. Fui
envenenado.
Daí
em frente, já sabia o que estava acontecendo. Devia estar com vários soldados,
marchando rumo a sei la onde. Opa, eu vou fugir daqui ein! Talvez eu esteja
sozinho, talvez meus companheiros também estejam aqui, talvez ao meu lado. Ou
não. Agora não importa. Preciso vê – la uma ultima vez.
Não
penso em mais nada, só a imagem dela fixada em um mural de minha mente, com a
esperança de que esteja me esperando. Eu sei que estará. Tomara que esteja. Mas
onde? Pra onde estão me levando.
E essa
agora.
Efeitos do
veneno.
Foi viajar,
mas ele já volta.
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