CRASH - Parte 2
Abro os olhos e volto a respirar.
Lentamente, vejo luzes passando
por sobre minha cabeça e como um flash, sei de tudo. Ouço o médico dizer que eu
acabara de voltar de uma parada cardíaca. Estavam preocupados com meu estado
cerebral. Acalmem – se, estou aqui. Tentei falar e não consegui. Tentei me
mover e não consegui. Então não estou aqui. Via e ouvia tudo. Estava sendo
levado numa cama para o que certamente era uma sala de cirurgia. O que teria
eu? Não sabia. Era um estado estanho, uma semi – morte: via e ouvia claramente
e não podia fazer nada. Minha mulher caminhava ao lado da cama, continha o
choro, mas eu sabia que ela sabia: não sairia dali vivo.
Eu há amava, nunca tivemos
filhos, mas eu a amava. O filho é o ponto chave, ela sempre quisera e eu nunca
preparado. Só meu amor não bastava para ela, e isso me incomodava, mas é a
conseqüência natural das coisas, mulher quer ser mãe. E foi. Rompemos a mais de
um ano e meio, e com toda sinceridade possível, disse: estou apaixonada por
outro homem. Nada puder fazer a partir de então, deixei-a ir. Nunca superei.
Desapareci, mas acompanhei sua vida de longe, quando soube de sua gravidez,
sofri muito, mas tinha ilusão de que o seu amor por mim com a gravidez que
tanto queria, fariam – na voltar para mim. Esperei ate o quinto mês do filho,
que era menino e decidi então procura – la, depois de muito debate interno. Da
decisão ate o fato, foram três meses, seriam mais se uma noticia não mudasse
tudo. Ela se casaria. Isso já era muito, era o fim.
Nego a
dizer o que fiz para estar aqui nessa sala de cirurgia agora, já sei que vou
morrer e então nada mais importa. Estou sendo entubado.
Vejo a mulher que amo pela
ultima vez.
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