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            A cara dele de espanto ao olhar pra mim me alertou que estaria não apenas num banheiro, mas um banheiro que eu não deveria estar. Livan me instruíra escolher o avatar de velhinho:
            “Ele tem bom coração, vai ser mais fácil. Mas ouvi dizer que nem todos gostam dos seres humanos nessa idade por la, então cuidado” disse dentro de minha cabeça. E tinha razão. O homem, provavelmente dono do estabelecimento, que empunhava um taco de basebol na mão, só não me rumou na cabeça por antes olhar em meu rosto e reconhecer com o que também meu irmão me informara, um senhor de 70 anos.
            “Quem é o senhor?”
            Boa pergunta.

            Existiam certas questões que não devem ser levantadas. A Verdade é para todos, porem nem todos a suportam.

            Saio do banheiro e sei que tenho meia hora ate o tal recobrar seus neurônios, posso reconhecer o local. É um local escuro, com cheiro de grãos. Cheiro do local onde a uma missão passada, procurando o que hoje talvez achamos, caímos pelo teto. Não lembro, mas enfim. É comida. Procuro também por um café. Bebida boa, amarga, mas cada um faz de um jeito. É interessante. Encontro uma maquina. Uns toques nos lugares certos e sai um café num copo que não lembrei onde deixei.

            “Desse jeito vamos encontrar o experimento já numa balada”, disse ele de novo na minha cabeça.

            Tinha razão.
            Essas como dizem, porra de maquina demorou e o tal que me fez a pergunta que não se faz começa a se mexer. Tenho que ir, mesmo sem as rosquinhas. Saio na rua e miro uma praça onde sabemos que nosso experimento sempre para. É lá!

            “Ele acaba de sair”
           
Definitivamente Livan me chateia às vezes.
Não! Sempre!

            Corro, então, ate um banco que aponta para a esquina onde o cujo vai virar. Sei então que se ele acabou de sair tenho quase vinte minutos ate aparecer aqui. Ainda bem que trouxe dois copos de café. Cheios!
            Na euforia da bebida humana, derrubo metade de um copo no meu sapato. É preto. Bico fino. Tem fivela dourada. É bonito. Minha calça segue a mesma tonalidade escura, não sendo um preto, antes um cinza bem fechado. Tenho terno cinza como a calça e uma camisa preta. Uso chapéu também preto. Fecho os olhos e tento acessar a mente desse avatar que habito, pra passar o tempo e ver o que de interessante tem essa vida aqui, mas de novo o desagradável do meu irmão... .

            “Depois Alfenir... . Depois meu querido... , ele vai virar a esquina... .


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