Prazer! Alfenir

 

                                                                                                                  Danis

- OOOOO meu queridinho, você pode abrir o portão?
- Claro dona Maricota! dêi-me suas compras, eu lhe ajudo!

- Você é um bom rapaz! Tão Bonito, é casado?
Já respondi a essa velha, todos os dias as mesmas perguntas!

- A senhora não pode sair sozinha!

- Ah meu querido, sou uma velha sozinha, se eu não aparecer aqui em baixo, já sabe, abra as portas do meu apartamento, que estarei deitada nos braços quentinhos de Deus.
- A senhora é uma pandega dona Maricota, tenha um bom dia!

- Ei, Alfenir, dá pra abrir esse portão???

- Claro, meu anjo!

Mal educada, olha a horas que essa vadia chega!

- Foi boa festa ontem?

- Que festa? não é de sua conta, alias, não sei porque estou conversando com você!

- Bom dia para você também!

 Piranha, vadia, enquanto isso o pai está se matando de trabalhar lá no interior para pagar a faculdade de Medicina dessa maldita. Aliás deve ser um coronel dos canaviais!

Ah, Alfenir!  Todas as portas e chaves em seu poder! 

 Preso a esse cubículo em meio a jornais velhos, pornografia barata, uma receita de empadão  jamais feita e um ventilador capenga. Barulho!

 Ah! o pão murcho que o colega da noite deixou, um ato de caridade, para a minha fome.

Sorriso esse sim não pode faltar, requisito principal para preencher a vaga, seja simpático, cortês, e jamais cobice a mulher alheia. 

Patéticos, todo mundo quer atenção! 

Ah mulheres, elas entregam seus corpos, seus corações e seus sentimentos em uma bandeja de ouro para qualquer desinteressado como eu!

- Bom dia Seu Alfenir, e o Palmeiras, esse não tem mundial!

-É você viu, é assim, um time ganha e outro perde!

Alias, não entendo essa piada, não entendo de jogos coletivos, na escola, fui uma criança asmática que jogava xadrez e ganhava uns trocados com os trabalhos de artes e matemática dos coleguinhas, não me arrependo, era o único que tinha conta na cantina! Pagava lanches para as garotas!

Alias, estou pensando em fazer um EAD, fico aqui o dia todo tomando café, fumando esse cigarro sem vergonha que envenena a minha amada gastrite. 

Artes ou matemática? Se bem que, com os números, não há enganos ou erros, não há acidentes, é a linha reta, o ângulo, o vetor o caminho do meio!

Alfenir! gritou Senhor Claude Shannon, tenho uma surpresa para você meu querido!

- Claro! Senhor Shannon, o que manda?

 - Trouxe-lhe umas palavras cruzadas!

- Quanta gentileza professor, Mande lembranças a senhora Judith!

Vou engraxar esse pão, até as 15:00 horas tenho as chaves de todas as portas!

Por Danis

 Meu Distópico favorito

A nave pediu permissão de  decolagem, não não irá mais voltar…

Continuar a espécie? 

Negativo! missão encerrada!

Não conseguimos contactar os Distópicos ! Vocês conhecem ?

 Eles habitam Distopia!

 É necessário alimenta-los  com doses diárias de raiva, melancolia, pânico, ansiedade, insônia... 

Crescem e tomam uma forma Espetacular. Fazem uma  sombra super confortável e  nuvens escuras, enormes,  incríveis!

Os Distópicos desregulam os termorreceptores da pele, e impedem qualquer sentimento de calmaria e racionalidade ... looping de tanto faz, irritabilidade, doses de confusão mental, fotofobia e uso de venenos em remédios, cloridratos de não sei o que, psicofármacos!

Imunidade?

Hora baixa, hora esbanjando energia, apetite zero, ou comendo igual a um javaporco elétrico.

Concentração??? Oi?!

Conversa? Ficar Puto!

Morar no interior com seus excessos etílicos em cada esquina e bancos de praça?

A arte salve, a música salva!

Ativar o repeat!

Contemplação...doses homeopáticas.. 

  

 A nave pede permissão…

Alegrem-se regozije- se aos céus e as estrelas.

Initramfs

 

 

 

No contraste da Ilusão, 

Vida fez - se, mínima.

Veio simples,

Num raio azul de uma pura emoção.

Companheira calma e 

Amiga consciência,

Cantem comigo a

Cantiga da Paz.

Dancem comigo a ciranda do Crer e do Bem-Querer.

Crer em muito mais do que ainda prevejo.

E quiçá bem querer mais ainda que meu, ainda vazio, coração.

 

Mas ora ora!

Vejam lá quem seria eu agora!

Um acreditador?

Um ser de Fé? 

De novo um novo sonhador?

Mais um repetidor?

Não!

Não há sonhos em Realidades Sombrias.

Morte ronda sobre a fome de todos.

Magra e sem barulho,

Segue esfregando seus andrajos,

Negros,

Num orgulho torturante.

Escolhendo seu novo afilhado

Num juízo final de valor.

Doença.

Falta tudo!

Falta seu dinheiro.

Falta esperança.

(Piegas Esperança…)

Falta comida.

Falta gás.

Falta luz e Fé.

Falta respeito.

Falta espaço.

Falta eu, você.

Faltamos o Mundo Inteiro.

Só sobra sempre um dinheiro, 

Que não será nunca seu.

Mesmo que você, sem vergonha,

Peça.

Não então me venham!

Todos aqui perdemos, agora,

Alguém.

Amanhã e talvez ainda além.

Meu ensejo, descabido pelo tempo,

É o de apenas ir.

Adiante, devagar, sozinho.

Sozinho de mãos dadas com alguém.

Sempre alguém.

Lá se vou me perdendo em teorias das paixões inventadas.

  

Nada de mais pra nada.

E pensar que era 

Acordar e apenas tentar.

 

Tentar.

 

 

Eis - lá o que faltou:

Um compartilhamento de um bom caráter

A calma de um caminhar quieto.

Um mérito pelo respeito pela Vida.

Nada de mais.

De apenas mais humano.

Isso!

Meu desejo.