sábado, 11 de junho de 2016

A ação de despejo





Vejo a mim no espelho.

Rugas que não existiam da última vez… .
Manchas estranhas.
Sorriso fechado, com vergonhas… .

Apenas meus olhos salvam-me.
Grandes, protuberantes e verdes,
Fazem me o favor de tudo perceber
E demonstrar.

Meu farol.
Meu exemplo de sinceridade.
De suposta austeridade.

Nem penso e já está ele lá, aqui,
Procurando, sabendo, observando.
Confabulando, deduzindo, conjecturando.
Ora sinistro como de um vilão.
Ora cinza como de um apaixonado.

Porteiras de minh’ alma.


Vejo a mim no espelho.

Espelho da Vida.
Rio de cachoeira.
Parado, pronto para tomar seu lugar,
Depois de anos, estai-me defronte.

Sinto que só o esperava.
Vivi apenas para trazer essa carcaça que
por mais apenas um pouco habitarei.
Lhe pertece, sei.


Somos idênticos.
Mesma face grave e mutável.
Mesma voz de timbres variáveis.
Mesma saudade do que não conhecemos.

Os mesmos olhos.


Mas devo ser justo.
Tens mais coragem.
Tens mais brio.
Até amigos consideras de verdade.

Talvez consigas o que nunca consegui.
Talvez consigas o Amor que sempre perdi.


Se cabes um pedido,
Como a todos os finados:
Apenas espere arrumar minhas tralhas.
Guardar meus rancores.
Lavar meus amores sujos
E já vou saindo.


Já podes ocupar seu lugar.


terça-feira, 26 de abril de 2016

O pajem





O pajem


Acabrunhado.
Encaracolado em obrigaçoes e tabus imaginários.
Olhar perdido, abandonado.
Simulacros de felicidade.
Talhado em servilismo pela aceitação.

Pobre serviçal.
Sempre atrás de alguém.

Talvez até lhe tenham apreço.
Uma especie de valor velado, secreto.
Vergonhoso de se mostrar.
E o pobre fareja sua carniça.
Sente um misto de ódio e pressa.

Vai cão de rua!

Lá já vão se afastando, é preciso alcança-los.
Ou ei de perder a próxima solicitação.
A próxima obrigação.

Cansado, não alcança seu amo.
Sente o vazio da falta de humilhação por alguns instantes.
E da falta surge o espectro:
De fora do meio que sempre quis pertencer,
Quem seria?

Anos arrastando uma paixao mórbida pelo que não foi.
Pelo que não conseguiu fazer..
Submisso a um fantasma opressor de si mesmo.
Que faria ele se agora mesmo.
Num lance louco de um manhã fresca de outono.
Jogasse bandeja e o linguajar pseudoculto
No rio abaixo… .
Na saudade de um passado morto… .

E simplesmente partisse… .
Coração de guia… .
Cabeça de antena… .

Não que seja tudo essa tal liberdade,
Mas importante antes seria a disciplina,
O motivo e a direção.

                                            
                                                        Fabricio Januário 

 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A Rainha Louca Voadora





Todo inicio é sempre o mesmo ritual.
Alivio, Ansiedade, Medo.
Sonhos de hoje.
Sonhos de amanhã.
Para de uma semana próxima.

“Há sonhos para uma vida inteira.”

Mas…
O que fazer para não acordar?
O que fazer para não falhar.

Não consigo mais recomeçar… .

Devo acreditar que sou forte.
Ou esquecer de vez.

Pular do muro.

Ter uma nova aspiração.
Ou uma velha sensação.
Um novo dia.
Meu caminho encontrou a rota reta.
Direta,
cheia de pedra.

Vai cansar, mas
Da pra ir.

Só preciso buscar minha cabeça

Aquela lá…,
Vive voando.
Orbitando ao redor de qualquer poste de luz.
Pôr ela sobre meu pescoço
E que ela entenda que aqui é seu lugar.
Basta de outro corpo.
Basta de outro alguém.

Somos apenas eu,
Você e a chuva, talvez,
Novamente,

Criança Vegana

          … deu 4 e 70 senhora… obrigado… . …sua sacola rasgou pode deixar que eu vou  ajudar… . …muito obrigado moço… …senhor… . … e como v...