Se fôssemos apenas a Realidade
Qual graça teria,
Senão a Ilusão?
Lá somos livres.
Sem cabresto nem mordaça,
Ficaremos à brindar...
Brindar ao lixo que ignoramos.
Brindar ao nosso narcisismo.
Brindemos a nada:
Apenas ao evento e a selfie!
Estar é o que prima.
Ser é para os fracos:
Seres que rastejam por esgotos de perfumes baratos.
Surfam em pranchas de alisar cabelos duro…
Duros pela dor da Inocência.
Duros por nem o do leite ter.
Lisos em prol da vergonha.
Lisos sob rezas de chuvas.
Tempos passam
Os que notam sua comitiva vazia,
Choram em vão.
Não há sentido
Em nada,
Além dessa Culpa Universal.
Tudo é tão perfeito
Que a nós apenas nos resta pecar.
Seria isso nossa maneira de nos identificar?
Nossa culpa nos separa?
Seria ela nosso bem maior?

