Eram onze horas passadas.
Pra que acordar cedo,
me digam!
Durmo mesmo!
Então para acabar com
minha paz, ouço alguém pular o muro da
casa conjunta. Tudo bem! Deve ser a vizinha que esqueceu a chave.
Pego no sono e ouço um vidro cair e quebrar.
Tudo bem deve ser a vizinha... .Louca, agora.
Ahgr!!!... . Alguém...,
alguém me ajude...
Será um sonho, viajei.
Alguém... . por favor!
Não! Não era um
sonho. Tem alguém precisado de mim mesmo. Não de mim necessariamente, mas de
mim sim, uma vez que apenas eu escuto essa voz que me chama.
Fui tomado por um desespero. Levantei vesti minha bermuda,
puxei o fogão que segurava a porta e chamei a voz que agoniava.
Pula aqui, por favor... , dizia implorando... .
Subi no muro que divide nossa privacidade e vi uma garota de
uns dezenove anos com a beça enfiada no vidro da janela do banheiro com uma
ponta de vidro pronta e descarnar seu pescocinho branco.
Não se mexe, foi o que lembrei dizer... E vou pegar a chave também.
Não conseguia pular o
muro.
Voltei correndo para dentro de minha casa e cadê as chaves,
nessas horas, já viu.
Ah ta aqui!
Quando vou abrir o portão, ouço um grito mais agonizante
ainda.
Morreu, pensei.
Olho pela fresta do portão e vejo que a única coisa que
segurava ela caiu e se não for agora a ponta com sede de sangue vai cravar o pescoço
da coitada.
Chegou. Pulo o muro e daí por diante, tudo é por instinto.
Apoio – me por debaixo dela e a ergo. O maldito Haley da
novela das 8 existinta, me abocanha, mas estranhamente seus dentes não me
pegam.
Hahahahahaha. Cachorro idiota!
Ela tira a cabeça. Pergunto
se tudo esta bem
Ela numa frieza de quem não sabe o que fazer, pergunta se não
quero ver o furo
Não, não curto sangue e pulo meu muro de volta.
Meu Trabalho me aguarda.


